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Livro "Tawé, Nação Munduruku, Uma Aventura na Amazônia" – parte I

Paulo Giardullo

Através da indicação do meu colega xará, colunista do Diário, o psicólogo Paulo Roberto dos Santos, adquiri em uma livraria, aqui em Pará de Minas, um exemplar do livro Tawé, Nação Munduruku, Uma Aventura na Amazônia, de Walter Andrade Parreira, também psicólogo e professor universitário em Belo Horizonte, na FUMEC. Quando Paulo Roberto me apresentou o livro “Tawé”, eu logo percebi que se tratava de um tema de meu interesse, uma rica experiência em torno do estilo de vida indígena, mas eu adiei a compra efetiva do livro, devido à “correria” da vida. Porém, quando li a entrevista de Walter Andrade Parreira, aqui no Diário, em 19 de abril de 2008, no quadro Entrevista da Semana, falando de “Tawé” e da questão indígena, eu senti que deveria comprar o livro com urgência. Comprei o livro e o li, de “um fôlego só”, avidamente.

Antes de falar sobre o livro em si, vou fazer uma pequena digressão sobre as experiências que me levaram a admirar o estilo de vida indígena. Desde criança, intuitivamente, eu sempre tive simpatia pela vida no campo e pelo modo de vida indígena, mais ligados à natureza. No colégio, no curso científico, entre os anos de 1986 e 1988, eu tive contato com um texto, que iria marcar profundamente minha visão de mundo. Era um texto complementar de um livro de História, que trazia o diálogo entre um índio e um mercador europeu, na época do Brasil-colônia, em que o índio não entendia a lógica de acumulação de bens do europeu, que levava em seu navio, madeira mais do que suficiente para garantir o seu sustento e de sua descendência, por gerações. Eu havia perdido a referência do livro didático do colégio que o trazia. Há pouco tempo, através do blog de meu colega historiador, Joandre de Melo, membro do Projeto Mesopotâmia Mineira, da FAPAM, eu tive acesso ao texto e a sua origem. Trata-se do diálogo entre um índio Tupinambá e um estrangeiro, em uma citação de Léry, na obra de Darcy Ribeiro, “O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil”.

Depois na faculdade, tive contato com o Professor Leone, psicólogo, peça-chave para a minha formação acadêmica e de minha visão de mundo, que me elucidou pontos importantes de crítica social e utopia por um mundo melhor, que eu já vinha formando em leituras autodidatas (Orwell e Huxley, principalmente). Leone citava alguns valores indígenas, como sua relação não cumulativa com o trabalho, a vivência do tempo natural, não cronológico, a divisão solidária dos recursos da tribo e sua relação respeitosa com a natureza, em contraposição ao estilo de vida “civilizado”, de tecnologia, progresso e seus efeitos colaterais, como violência, miséria, estresse.

Através de apresentação do colega Paulo Roberto dos Santos, conversei por e-mail com o autor do livro “Tawé”, Walter A. Parreira, sobre minhas impressões sobre o livro, quando descrevi a narrativa acima sobre os caminhos que percorri, que me levaram a admirar a cultura indígena, inclusive a minha experiência como aluno do Professor Leone. Disse para ele que em função disto, meus filhos, Tainá e Cauã, tem nomes indígenas. Então tive a grata surpresa de saber que Walter foi professor de Leone, na faculdade de psicologia. Por sua vez, posteriormente, Leone me disse que Walter foi o professor fundamental em sua formação acadêmica e que tanto ele quanto sua esposa, a Kika (Francisca), são pessoas de uma grande beleza existencial, pelos valores que defendem.

Fico feliz por ter tido contato, através do colega Paulo Roberto e do livro Tawé, com o “Mestre” do “Mestre” Leone Mesquita, que para mim, é uma das maiores inteligências de Pará de Minas. Falo de uma inteligência qualitativa: crítica, humanista, utópica. Na próxima semana, falo de minhas impressões sobre o Livro “Tawé” e a cultura indígena.

(Diário de Pará de Minas - Pará de Minas, MG - 09/07/08)

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